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Sustentabilidade na Prática, uma iniciativa de todos

 

PCS_NAS2Há 4 anos nascia a ideia de fazer um projeto de centros culturais sustentáveis, uma iniciativa que brotava em solo muito fértil: um centro de Permacultura. Através do encontro de diversos profissionais, nascia algo que seria para nós um desafio e tanto, concretizar no meio urbano a forma sustentável de viver que praticávamos cotidianamente no ambiente rural, mostrar o que era realmente a tal “sustentabilidade na prática” e qual o alcance que ela poderia ter.

No início, buscávamos apenas não ser mais um entre tantos outros que projetam ou constroem limitados a um programa de necessidades ou um canteiro de obras dotado de recursos. Sentíamos que era mais do que isso, o importante era levar a Permacultura para além do nosso meio. Naturalmente este tornou-se nosso objetivo, apresentá-la a sociedade, semear em outras terras o que acreditávamos ser a semente de uma transformação premente. Tornou-se mais que um desafio, era algo que pulsava o tempo todo como uma necessidade. A partir de 2008, quando conhecemos essa nova maneira de enxergar o mundo, conhecemos também uma outra linguagem de arquitetura, o que chamamos hoje de Bioconstrução.

A Bioconstrução foi um termo que encontramos para descrever o que entendíamos por construção mais ética, com o menor impacto negativo e o máximo impacto positivo, sem cair em armadilhas como selos e certificações, mas uma construção comprometida de fato com o propósito sustentável. Nossa busca era poder resgatar o conceito básico de uma edificação, seja ela qual destino tivesse, sem nenhuma interferência mercadológica ou outro tipo de influência considerada supérflua.

Neste caminho aprendemos que a Arquitetura não se faz com duas mãos sobre a prancheta, mas sim, com as mãos (e pés) de todos que irão usufruir dela. A Permacultura nos trouxe essa certeza, de forma impactante entramos em um universo onde enxergamos o mundo de outra maneira. Descobrimos que é possível não só diminuir o impacto negativo que causamos através da construção convencional, mas, é possível promover impactos positivos através destas intervenções. Descobrimos que a partir de um outro olhar, de ângulos diferentes para o objeto, podemos vislumbrar outras dimensões, criar um elo com tudo que está em volta, nos tornando parte do meio, sem perder a conexão com ele, como fazemos hoje em dia.

E é assim, como semente brotando no coração do país, que nasce o Ponto de Cultura da Sustentabilidade (PCS) em cinco municípios distribuídos entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Em dezembro de 2014, foi inaugurado o primeiro Ponto de Cultura da Sustentabilidade, localizado no município de Nova Alvorada do Sul, a 110 km de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O PCS em Nova Alvorada do Sul foi executado de maneira 100% participativa, ou seja, todas as decisões foram tomadas através de reuniões abertas, estando presentes diversos agentes envolvidos neste processo: comunidade, prefeitura, secretarias municipais, empresa financiadora e tantos outros. Estas reuniões foram mediadas por profissionais da área da Permacultura e Arquitetura além de facilitadores locais. Dessa maneira pouco convencional, foi obtido um panorama fiel sobre o que as pessoas entendiam do tema.

À medida que o projeto foi avançando, as propostas sugeridas pelos profissionais foram aceitas ou reprovadas, o que acabou sendo um importante resultado do contexto local de um município do Brasil com pouco mais de 20.000 habitantes. Conhecemos minuciosamente o que o poder público local, comunidade, até mesmo os clientes diretos, entendiam sobre sustentabilidade ou necessidades de mudança de curto, médio e longo prazos.

Deste rico processo, desde propostas de construção com tijolos de barro e palha confeccionados no próprio canteiro de obras, criação de hortas junto a jardins, captação de água de chuva, tratamento de esgoto através de plantas e formas não convencionais para a construção dos prédios, foram servindo como filtros para nos revelar a real visão sobre a sustentabilidade construída nos dias de hoje, nos ensinando, que atualmente descontruir para construir é o nosso maior desafio.

Do projeto à execução foram 4 anos, talvez para nos atentarmos que realmente a mudança de paradigma não é algo rápido como queremos ou imaginamos. Este projeto foi um exemplo disso, em que mediamos divergências de ideias, enfrentamos contratempos no meio do caminho, sofremos desgastes durante o processo e tantos outros fatos ocorridos. Mas graças a todas essas trocas, os méritos e colheitas são de todos. Sem dúvida nenhuma, o maior ganho além do Ponto de Cultura, foram o aprendizado e a consciência de que a visão desse mundo que buscamos não se fará em uma década, mas há de se acreditar e trabalhar dia após dia.

Nessa labuta, cada palavra dita, escrita ou traço riscado no projeto alusivo à sustentabilidade, permacultura ou bioconstrução, foi aplicado na prática de forma que se materializasse no barro moldado pelas mãos e na edificação concretizada. É isso que vale nos projetos que realizamos, é dessa maneira que conseguiremos força para disseminar a informação mundo afora, dando exemplos de uma vida mais comprometida com o meio a nossa volta.

Para Nova Alvorada do Sul, e quiçá os outros 4 municípios, o poder público terá um modelo a ser seguido, não pela exclusividade ou grandiosidade da obra, mas sim por todo o processo e pela iniciativa que fizeram deste trabalho uma referência para nós.

Sintam-se convidados a conhecer o Ponto de Cultura e Sustentabilidade, e a replicar as tecnologias inseridas no projeto, resta a mim agradecer a experiência por este trabalho!

Abaixo estão as organizações e pessoas envolvidas na realização deste incrível feito.

    • AFábrika Arquitetura
    • Banco Nacional de Desenvolvimento
    • CAN Sustentável
    • Condor Construtora
    • Instituto 5 Elementos
    • AHPCE – Instituto Auá
    • Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado
    • Odebrecht Agroindustrial
    • Prefeitura Municipal de Nova Alvorada do Sul
    • Programa Energia Social para Sustentabilidade Local
    • Sirius Soluções
    • Carlos Heleodoro
    • Diogo Coneglian
    • Fábio Henrique Nunes
    • Guilherme Sharf
    • Gugu Costa
    • Hélio Athayde
    • João Minuzzo
    • Julian Irusta
    • Samuel Protetti
    • Sérgio Cascino
    • Victor Couto Alves

Este post tem 2 comentários

  1. caros

    Parabéns pela perseverança em fazer acontecer!

    1. Obrigado Regina! Para quem a conhece, a sustentabilidade é um caminho sem volta!

      Grande abraço!

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